Os desafios da esquerda em Goiânia

3 de outubro de 2024 às 12:00

Por Cíntia Dias*


A poucos dias de 6 de outubro, os desafios dos partidos políticos para a esquerda ainda são grandes. O cenário em Goiânia não é favorável, pois segundo levantamento do Instituto Futura Inteligência, a capital goiana tem o maior número de pessoas que se identificam com a direita entre as capitais do país, com aproximadamente 48,2% do eleitorado. Basta lembrarmos que Jair Bolsonaro recebeu 63,95% dos votos no segundo turno em 2022.
No entanto, com um bom trabalho, uma boa militância e com os nomes certos, podemos reverter esse cenário. Tanto é verdade que um dos principais nomes na disputa à Prefeitura de Goiânia é o da deputada federal Adriana Accorsi (PT). O cenário de divisão entre os partidos de direita que contam com três candidatos diferentes (Fred Rodrigues, do PL; Sandro Mabel, do UB e Vanderlan Cardoso, do PSD) favoreceu a esquerda, que corretamente optou por se unir nessas eleições.
As federações partidárias, que devem ter uma duração mínima de quatro anos, nos exigem mais diálogo, mais consenso e mais coerência nos projetos de governo de cada partido aliado e da federação como um todo. Por meio da federação podemos fortalecer as siglas progressistas, partindo das bases estruturais da política hoje, que são os municípios, e daí a necessidade de apresentarmos propostas que atendam as demandas da cidade.
Um dos problemas da federação é a redução do número de indicados de cada partido na chapa, com determinada porcentagem proporcional para cada um. Destaco aqui a relevância das deliberações comuns entre os partidos para indicar e construir o nome que mais represente todos e que seja de fato competitivo no pleito.
A luta contra as fakes news segue sendo uma das principais debilidades da esquerda. Eleição atrás de eleição, somos vítimas de enxurradas de mentiras que formam falsas convicções nos eleitores e nosso campo não consegue produzir uma resposta à altura. Neste caso, ressalto a importância de mais investimentos na educação e formação política, pois, penso que atravessamos essa onda incessante de violências por falta de uma educação crítica.
Um dos desafios para a esquerda no município de Goiânia é a ausência de propostas sólidas para segurança pública. É preciso ser mais assertivo em relação a esta temática, mais profissionalismo, não pensar que isso é uma pauta exclusiva da direita, enfrentar tecnicamente o problema, ouvir a sociedade, construir consensos e reunir todas as forças avançadas da sociedade e debater esses temas que culmine na apresentação de propostas em comuns. Há certa confusão na esquerda que acha que debate de segurança pública é igual política repressiva e que, portanto, é sempre pauta da direita. Não é verdade, há propostas e estudos avançados que propõem uma reformulação completa da política de segurança pública que investe na prevenção em detrimento da repressão, e podemos debater isso em alto nível.
Em relação ao tópico da segurança pública, a pré-candidata Adriana Accorsi, que conta com apoio do PSOL, do PCdoB, REDE Sustentabilidade e PV, é o nome da esquerda mais preparado. Delegada e deputada federal, Adriana carrega o histórico de ter trabalhado na segurança pública do estado, participado da elaboração do plano de segurança pública do governo Lula, e ainda tem como herança a história do pai, ex-prefeito Darci Accorsi, petista que terminou o mandato com bom índice de aprovação na capital goiana.
Além da concorrência competitiva ao Executivo do município, é essencial voltar a luta para o Legislativo de Goiânia. Destaco com veemência que o campo progressista não pode ser minoritário na Câmara dos Vereadores. Quem delibera sobre os problemas que atingem diretamente [a população] é o vereador e nossa luta tem que se voltar contra os vereadores que espalham fake news e que divergem totalmente das nossas pautas essenciais, como os direitos humanos.

*Cíntia Dias é socióloga e presidente do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) de Goiás

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